quinta-feira, outubro 16, 2008

É só saudade e um tiquinho de melancolia...

Como será que se conta o tempo no além? Será que hoje meu pai faz mesmo 61 anos ou ele vai ter 60 para sempre? Ou será que hoje ele faz 7 meses e é um bebê recém nascido conhecendo o mundo de lá? Ou ele é uma alma tão antiga e tão sábia que não há números para contar sua idade? Talvez seja isso... Mas como hoje é 16 de outubro, eu não posso deixar de pensar que se ele estivesse aqui, nós provavelmente sairíamos (muito provavelmente pro Redentor ou pro Santa Fé, já que meu pai não era muito dado a novidades), eu daria um presente a ele e ele iria ficar bravo porque eu gastei dinheiro com ele, tomaríamos um chopp, contaríamos piadas, falaríamos mal do Leonardo Quintão e do Márcio Lacerda, daríamos risadas, ele falaria que eu estou gorda e que tenho que emagrecer, eu ficaria emburrada por isso, ele diria que nunca mais tocaria nesse assunto (mas tocaria na primeira oportunidade que tivesse), ele contaria casos do Pedro como se ele fosse a criança-gênio mais gênio da face da terra, ele riria dos casos que eu contaria sobre o Rafa e o Dedé...

Mas acho que a comemoração dele hoje é pelos sete meses lá do outro lado, depois de descobrir o último segredo do Universo (agora ele realmente sabe tudo!), com pessoas que ele amava e que foram antes dele.

Eu tinha pensado em postar aquela música daquela mesa que que era a que ele dizia que recordava meu avô, o pai dele. Mas, ultimamente, quando eu penso nele, a música que me vem na cabeça é outra. Não era a sua preferida, nem sei se ele conhecia ou não... Mas fala de pai, filho, falta e é tão linda...

Espelho
(João Nogueira)

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás


Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai

Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

2 comentários:

Denise disse...

É uma saudade que nunca tem fim...
E sobre a música, eu não conheço, pode me mandar por favor?

gigi disse...

ô, minha amiga... me deu uma vontaaaaaaade de chorar...