terça-feira, junho 26, 2007

A humanidade é desumana

E aí eles viram a menina lá, parada, na dela, acharam que a menina era puta. Resolveram dar pancada na puta.

Ah, tá! Agora entendi a lógica do negócio. É aquela mesma lógica torta dos moleques que botaram fogo no índio porque acharam que era mendigo.

Em puta pode bater, em mendigo pode jogar fogo. Claro. Coitados dos guris, foram levados a erro pelas circunstâncias. Mas também porque a garota estava sozinha, ali, dando a maior pinta de puta? E porque o tal do índio, em vez de se instalar em um hotel, resolveu dormir na rua? Acho que era mesmo só para ferrar com a vida dos pleiboizinhos classe média alta, cheios de tédio e preconceito e nenhuma ética ou respeito pelo próximo. E o pai de um deles ainda me vem até a tevê para dizer que seria uma injustiça colocar garotos que estudam na cadeia.

Ah, tá certo! Foi só uma traquinagem, uma brincadeirinha... e a garota nem morreu, né?

O pai do garoto só se esqueceu de uma coisa: ética, bondade, caráter, respeito ao próximo não se aprende em banco de escola, não se compra em supermercado com o rico dinheirinho da família. Ou se tem, ou não se tem. E ele deu uma péssima educação à cria dele.

Não me peçam para ter bom humor hoje. A humanidade me deixa azeda.

quarta-feira, junho 20, 2007

Vou falar (mal) de novela

Não sei se eu sou muito desligada, ou se a coisa era tão ruim mesmo que não mereceu atenção da minha parte, ou se eu só estou comentando isso aqui por absoluta falta de assunto e imaginação.

O fato é que apenas na semana passada, já quando do derradeiro suspiro de mais uma aberração da teledramaturgia global, a tal novela da Jaca é que eu notei a heresia.

Não, eu não assisti aquilo que pela propaganda já dava mostras de sua natureza odiosa: um misto de Chaves e Zorra Total, com um monte de homem marombeiro idiota metido a gostoso e um monte de manequins-modelos-semi-analfas-anoréxicas metidas a atrizes. Mas como o diabo atenta, meu controle remoto zapeou a bosta da novela por um instante, apenas para que eu pudesse notar que os personagens principais eram Arthur, Guinevère e Lancelote. E sim... e eles fazem um triângulo amoroso!!! Ah! E a vilã, adivinhem? Morgana!!! Deve ter acendido uma luzinha na cabeça do autor quando ele pensou nessa hipótese.

Nem dá para dizer como eu fiquei furiosa com isso. Para mim, lendas arthurianas são sagradas. Arthur, Guinevère, Lancelote, Morgana, Merlin, Nimue, Tristan, Galahad, Mordered... esses são meus personagens favoritos de toda a literatura mundial. Sempre que me cai uma versão qualquer nas mãos, ela é devidamente devorada. Aliás, meu sonho de consumo era ser uma sacerdotisa de Avalon. Só para fazer nascer um rabo de rato no idiota que escreveu essa novela profana.

Pois bem... a coisa toda só serviu para cutucar um bichinho que mora dentro de mim e eu domo a cada segunda e quarta-feira com a ioga: meu mau humor atávico.

Ainda bem que novela herege acabou. E melhor ainda que hoje é quarta-feira, porque só me lembrar que o Lancelote era o orangotango do Marcos Pasquim e o Arthur o retardado do Murilo Benício eu tenho ganas de jogar meu aparelho de TV no chão.

sexta-feira, junho 15, 2007

Simplesmente amor...

Ontem realizei uma vontade antiga. Comprei o DVD do filme Simplesmente Amor.

Sempre tive um xodó especial por esse filme. É um filme de amor que não é piegas, conta histórias de amor não correspondido, amor não consumado, amor entre marido e mulher, amor entre pai e filho, entre irmãos(Ok! Nunca entendi qual é a do amor fraternal que leva a Laura Linney deixar o Rodrigo Santoro de cuequinha, lindo, cheio de saúde e amor pra dar, lá, deitadinho na cama e correr para o hospício para dar carinho pro irmão piradaço).

O que o eleva à categoria de um dos meus filmes favoritos? Várias coisas. O Colin Firth é uma delas, claro! E o Hugh Grant dançando desengonçado é outra. Ele parece meu pai dançando. Deve ser algo edipiano... E esse é um dos únicos filmes que as cenas excluídas são tão boas quanto as aproveitadas.

Mas a melhor história desse filme, na minha opinião é aquela do Liam Neeson e do enteado. A mãe do menino, esposa do Liam, morre. Eles têm que descobrir um outro jeito de se relacionar sem o intermédio dela. E o mote é o amor que o garoto sente por uma coleguinha de sala de aula. O padrasto se torna o confidente e o aliado em um plano lindo e infantil para o garoto conseguir conquistar o coração da garotinha.

E eu ando me sentindo meio Liam Neeson... Meu pequeno está sofrendo de amor, o primeiro da vida dele! E me escolheu como confidente (o que quer dizer que com esse post eu estou cometendo uma inconfidência, certo? Mas é uma inconfidência por corujice... altamente perdoável!)

Um amor enorme e impossível de um garotinho de 8 anos por uma garota de 13. Sentem o drama? Meu coração anda dividido entre a ternura que eu sinto por saber que tenho um pequeno romântico dentro da minha casa e o sofrimento que eu sinto com o sofrimento dele. O mais lindo é que ele se declara, escreve cartas, trava quando a garota chega perto... E sofre por ela se interessar por meninos de quinze anos!

Tenho que assistir muito ao filme para aprender com o Liam.

Só para encerrar o assunto

Não deu mesmo! Como eu temia, A Pedra do Reino é cansativa e enrolada. Ou eu sou mesmo uma ignorante completa! Mas admito que não passei do segundo bloco.

Mesmo ontem, tentei ver o capítulo enquanto esperava um colega enrolado trazer uma pasta para uma audiência que ia fazer no dia seguinte. Não deu de novo. O triste mesmo foi descobrir que ver o House tirar uma solitária de oito metros da barriga da garota era mais atraente que o Ariano Suassuna. Tudo bem, não o Ariano, mas a adaptação de sua principal obra.

Continuo firme no livro e o melhor de tudo é que leio ouvindo a voz do Suassuna contando a história para mim. Deletei aquela voz chata do ator da Globo.

sexta-feira, junho 01, 2007

Sobre livros, filmes e etc.

Dias atrás eu contei aqui que fui assistir ao "Batismo de Sangue". Bom... tem umas duas horas que eu acabei de ler o livro.

Contei não? Ganhei de Dia das Mães!

Melhor que o filme, claro! e por vezes uma pancada na boca do estômago, principalmente nas passagens que tratam da tortura dos frades e do período que o Tito viveu na França, enlouquecendo com a lembrança da tortura e do Delegado Fleury. Posso dizer que o livro foi meio que devorado, levando-se em consideração que o meu tempo para ler se resume ao itinerário que o ônibus faz do meu trabalho para a minha casa ou quando eu pego alguma fila de banco.

E hoje eu volto para o meu Romance d'A Pedra do Reino, que foi abandonado para eu poder estudar para um concurso (obviamente, não estudei e, mais obviamente ainda, não passei! Mas minha consciência doia cada vez que eu abria um livro que não fosse a apostila do concurso).

Tenho que iniciar a leitura antes da minissérie para poder imaginar o Quaderna do meu jeitinho, sem cara de ator da Globo. Até porque o Quaderna da propaganda está a cara do Visconde de Sabugosa. Mas na verdade, quando eu estava lendo o livro (antes de me inscrever pro tal concurso), eu já imaginava o Dom Pedro Quaderna meio Don Quixote, assim, magrão, rosto fino, barba, cabelão... Visconde de Sabugosa mesmo. E o próprio Ariano, que é fã de Cervantes, classifica esse personagem como "quixotesco".

A propaganda da minissérie me desanimou um tiquinho, confesso. Tive a impressão que o Luiz Fernando Carvalho vai abusar dos elementos circenses e de teatro mambembe que, em um filme ou programa isolado cai muito bem, dá um visual bonito, mas para uma minissérie talvez a coisa fique meio cansativa. É que eu gostei tanto d'O Auto da Compadecida do Guel Arraes, tão cinematográfico que, com uns cortes aqui e outros ali, acabou virando filme mesmo. Irônico. Para a peça, linguagem de cinema. Para o romance, linguagem de teatro.

De qualquer forma, é muito bom saber que, de vez em quando, a TV aberta resolve adaptar histórias bacanas e prestigia a literatura brasileira que é tão rica.

Bom... quem lê esse blog sabe que o Ariano Suassuna é um dos meus santos padroeiros, meu escritor favorito nessa vida e minha paixão eterna. Então, mesmo que a minissérie se revele uma decepção, eu vou ficar acordada até tarde para conferir. E esse é o único livro dele que tem aqui em casa que eu não consegui terminar. Agora termino!

E depois que terminar esse, tenho o "Catch a fire" e o Bob Marley me esperando. E eu só contei isso pra matar a Isis de inveja!!!