quinta-feira, setembro 27, 2007

Vocação - Ora Bolas!

Ando amando esse blog. Andei dando uma lida nos posts antigo e, rapaz... tem coisa bacana por ali.

E é boa essa sensação, já que, em um passado não muito distante, eu só escrevia petições e mesmo assim torcia para ninguém ler. Quando fiz meu primeiro post, ainda no Ora Bolas! achei piegas, brega, cafona mas, seguindo os ensinamentos das minhas mestras jedis Maroca, a Bicho-Grilo e Isis, a Deusa Pilantra, liguei o "foda-se" e apertei a tecla do "publicar". Fui parar na rede com um postezinho água com açúcar e meia dúzia de amigos e familiares que prestigiavam mais pela amizade do que pela leitura.

Modéstia às favas, melhorei um tiquinho, hoje eu acho que tem gente que vem aqui ler mesmo.

Mas eu fiquei com tanta saudade daqueles primeiros tempos, que resolvi, meio malandramente, buscar um daqueles posts velhinhos e republicar hoje. Hoje, eu o escreveria diferente mas, apesar da tentação ser grande, não vou cometer o crime de lesa-texto antigo.

E, se querem saber, não será a única vez que o Ora Bolas! ressucitará.

Vocação

Vocês conhecem uma pessoa que viaja na maionese? Delira loucamente sem ter usado uma única substância com propriedades alucinógenas? Tenho certeza que sim... Eu.

Pois bem. Num dos meus últimos sonhos delirantes, descobri minha verdadeira vocação: backing vocal da Aretha Franklin. Pra ser mais específica, a que fica do lado esquerdo do palco, porque eu sou canhota.

Primeiro pelos motivos óbvios: cantar com a Aretha Franklin, ter uma voz fantástica (não tenho, ok, mas não se esqueçam que eu estou no meio de uma alucinação), viajar o mundo todo com tudo pago... E já que o sonho é meu mesmo, como toda backing vocal que se preze, eu seria negona, linda, magra, elegante, alta. Usaria sapato de salto agulha preto de 12 cm (sem me desequilibrar, óbvio) e um tubinho de lurex super mini que mostraria toda a exuberância do meu metro de pernas. Maquiagem discreta. Cabelão black. Podre de chique. Outra coisa: saberia dançar muito bem (ok, ok, eu sei, estou forçando a barra, mas já que é pra delirar...).

Imaginem eu lá do lado esquerdo do palco, dançando lindamente (porém, com discrição) e de vez em quando soltando um "ooo" ou um "re-re-re-re-re-re-respect" com o meu vozeirão.

E por que backing vocal e não líder de banda? Também explico... Nunca sonho com estrelato. Isso dá trabalho. São fãs, obrigações mil, ter de sempre adotar uma determinada postura imposta, preocupar com a opinião pública, ter empresário, contrato com gravadora. Eu não. Eu gosto de sossego. Leveza. Glamour mas com tranquilidade. Nada de chamar atenção. Afinal, eu sou simplinha. Mas como simplicidade também tem limite, sempre chego aos shows montada em meu unicórnio.

terça-feira, setembro 18, 2007

Momento Gisele


Recebi essa foto ontem da Simone Maschio (a garota de cabelo liso na foto). Não sei bem o que eu senti na hora que abri o e-mail. Sabe aquele misto de saudosismo e horror? Como eu deixei fazerem isso no meu cabelo??? Bem, na verdade, eu adorei!
Essa foto foi tirada em um desfile de modas na Churrascaria. E era assim mesmo que a Churrascaria de Tucuruí se chamava: Churrascaria. Pois é. Não fui cantora de churrascaria, mas já fui modelo de churrascaria.
Nós e mais um monte de garotas tinhamos feito o Curso de Manequim da Marilim e éramos figurinha fácil nos desfiles de qualquer lojinha meia-boca. Normalmente as roupas que a gente desfilava eram cafonas mesmo. Particularmente, eu detestei essa aí que eu estava vestindo na foto, mas nesse mesmo desfile tinha um macacão azul, amarelo e branco que eu detestei mais.
Esse curso era meio obrigatório, já que em Tucuruí não tinha muito o que fazer. Então, fazíamos Jazz com a Chris Potiguara, Curso de Manequim com a Marilim, aeróbica com o Olivar... qualquer coisa para ocupar o tempo ocioso, que era muito. E eu que nunca tive alma de perua, não sei bem como eu me meti nessa de fazer curso de manequim. Acho que era só mais uma desculpa para ir para o clube.
O que eu me lembro desse desfile, além das roupas terríveis, é da maquiagem (a foto está sem cor, mas eu garanto pra vocês que era inesquecível) muito colorida, muito Ru Paul.
Como vocês podem notar, por pouco eu não tomo o lugar da Gisele Bündchen!!!!

segunda-feira, setembro 17, 2007

Guerreira da Justiça

Dedé: Mãe, pra onde você vai?

Mãe do Dedé: Pra Justiça, Dedé.

Dedé: O que você vai fazer na Justiça?

Mãe do Dedé: Vou trabalhar.

Dedé: Trabalhar? Você trabalha na Justiça?

Mãe do Dedé: É, meu filho. Eu sou advogada.

Dedé: Quando eu crescer, eu também posso ser advogado?

Mãe do Dedé: Claro, filho. Mas por que você quer ser advogado?

Dedé: Porque eu quero ser também um Guerreiro da Justiça!

(Justamente quando eu estava me remoendo em uma crise existencial-profissional, vem meu filhote me transformar na maior heroína da face da Terra: Juliana, a Guerreira da Justiça!).

segunda-feira, setembro 10, 2007

Sorte do dia

Eu gosto do Orkut. Ele é igual a um daqueles amigos bem políticos, meio mentirosos que gostam de agradar e encher a bola da pessoa. Sabem como é? A gente sabe que não é verdade, mas fica com uma sensação boa assim mesmo.

"Sorte de hoje: Você tem múltiplos talentos".

quinta-feira, setembro 06, 2007

Cansei dessa vida

Eu não devo ser a única e vou cair no maior lugar comum do mundo, mas... fazer o quê? Não quero terminar meus dias advogando. De jeito nenhum! Não quero pagar OAB pra sempre. Não quero! Não quero! Não quero!

Tá, ainda não cheguei ao desabafo da Denise do "eu odeio meu trabalho", apesar de entendê-la perfeitamente. Já tive trabalhos odiosos.

Não que eu não goste do meu trabalho atual. Gosto muito do escritório em que trabalho. Gosto de ser advogada. Mas não gosto de um monte de coisas (e um monte de gente) que orbita em torno dessa minha escolha profissional.

Cliente, por exemplo, são raros os que não dão mão-de-obra. E quanto mais chato o cliente, mais complicado o andamento do processo dele. Sabe aquela história de que "tudo o que é nojento cai no prato do rabugento"? Pois então. Isso funciona que é uma beleza. Se o cliente for daqueles que ficam ligando, então... aí o juiz não despacha nunca, o alvará sai com o nome errado, a petição se extravia no protocolo...

Ah, e cliente complicado tem, normalmente, um idiota no departamento pessoal e um boçal na contabilidade.

Aliás, que me desculpem os contadores, mas ô raça pra ter gente burra metida a sabida. Toda vez que eu tenho que falar com um contador, me dá vontade de morrer de catapora. Primeiro, porque contador acha que é advogado. Depois porque na hora que o bicho pega, ele não assume merda nenhuma que tenha feito.

Ah... esse é outro problema da advocacia: ninguém assume porra nenhuma! Na hora do aperto a desculpa é sempre a mesma: quem está trabalhando nesse processo é o meu colega que não está aqui no escritório nesse momento. E quando o cara resolve dar essa desculpa no meio de uma audiência de instrução, com o cliente dele do lado? "Excelência, é que eu não li a inicial porque o fulano aqui é cliente do meu colega de escritório e eu estou aqui só para quebrar o galho".

É... advocacia tem dessas coisinhas. E são elas que me fazem ficar meio deprimida quando eu penso em trabalhar nisso até ficar velha. Sinto que eu me acomodei em uma situação mais ou menos, aquela coisa conformadinha do "tá ruim, mas tá bom".

E eu nem estou falando de advocacia criminal ou de família, que deve dar uma dor de cabeça incapacitante todo dia no infeliz que resolveu encarar essas áreas do Direito. Eu nem me imagino em um júri, tentando defender o sujeito que matou a mãe a pauladas e depois saiu pra comer um cachorro-quente no boteco da esquina. Tá vendo? Tem coisas piores do que o meu trabalho.

Eu tenho até uma lista das piores profissões do mundo. Ela me ajuda a encarar meu dia de trabalho. Eu penso assim: "Juliana, você poderia ser criminalista". E aí a audiência com aquele juiz fdp fica bem mais suportável. Na minha lista das piores profissões do mundo, advogado criminalista deve estar no quinto ou sexto lugar. A pior do mundo é atendente de telemarketing, sem dúvida. Só de ter que falar em gerúndio, daquele jeito insuportável, com aquela vozinha horrível eu já teria me suicidado. Essa eu guardo para os dias realmente difíceis.

Mas por outro lado, há tanta coisa mais bacana do que o que eu faço... Já pensou se eu fosse enóloga? Ou, então, professora de ioga? O que me dizem de bióloga marinha? E trapezista? Fotógrafa, surfista profissional, degustadora de cafezinho, hacker. E aeromoça, hein? Hein? Hein????

domingo, setembro 02, 2007

A feijuca poética

Não... não vou falar sobre o meu filhote que fez 4 anos ontem. Nem vou dizer quer eu morro de orgulho do meu filho que está crescendo mais rápido do que eu gostaria. Nem vou contar o quanto ele ficou empolgado com os presentes que ganhou. Nem vou dizer que eu desejo a ele tudo de melhor nessa vida. Agora, vou falar de comida. Da comida deliciosa que foi servida no aniversário do Dedé.

Então... o Dedé fez 4 anos ontem e nós fizemos uma feijuca aqui hoje aqui em casa. E quando eu digo "nós fizemos" entendam "o Otto fez e eu fiquei no serviço de apoio, já que de feijoada eu não saco nada".

Menino, mas a feijoada ficou tão boa, mas tão boa que eu fiquei inspirada na hora. Só não corri pro computador na mesma hora porque a casa estava cheia. Agora, sem família por perto, vou honrar a comida do meu marido.

Ver o Otto cozinhar, por si só, já é um prazer. Ele põe uma musiquinha, abre uma cerveja, prepara todos os ingredientes em cima da pia antes de começar a preparar. Corta toda a cebola, separa os temperos. Frita as carnes na cachaça. É bonito de ver. Isso tudo leva um tempo grande. Normalmente, ele começa a feijoada no dia anterior. Só depois de todo o preâmbulo cumprido, ele orquestra a feijoada.

Eu dei minha ajudinha, é claro! Fiz o arroz, a farofa, cozinhei o feijão... Ah, menção honrosa para a couve que minha mãe preparou. Deliciosa!

Mas a comidinha do meu marido estava perfeita. Um pecado. Nada como ser casada com um homem lindo, inteligente, delicioso, cheiroso e que, ainda por cima, sabe cozinhar.

E para homenagear esse homem especial que é meu marido e sua feijoada poética, uma de suas músicas favoritas. Por que eu descobri seu segredo, meu nego, você aprendeu a cozinhar com o Chico.

Feijoada Completa
(Chico Buarque)
Mulher
Você vai gostar
Tô levando uns amigos pra conversar
Eles vão com uma fome que nem me contem
Eles vão com uma sede de anteontem
Salta cerveja estupidamente gelada prum batalhão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Não vá se afobar
Não tem que por a mesa nem dar lugar
Ponha os pratos no chão, e o chão tá posto
E prepare as linguiças pro tira-gosto
Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar
Arroz branco, farofa e a malagueta
A laranja bahia ou da seleta
Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Depois de salgar
Faça um bom refogado que é para engrossar
Aproveita a gordura da frigideira
Pra melhor temperar a couve mineira
Diz que tá dura, pendura a fatura no nosso irmão
E vamos botar água no feijão