terça-feira, março 28, 2006

Coisa de saci


Desde que eu morei no Pará, ouço dizer que saci é criatura zombeteira, que adora aprontar pequenas sacanagens. Então, quando o leite azeda, quando as lâmpadas queimam, os aparelhos estragam, os objetos somem... coisa de saci.

Eu posso falar dessa criatura com um know how surpreendente pois faço parte da Associação Nacional dos Criadores de Saci, órgão reconhecido pelo Ministério da Agricultura. Crio, em minhas fazendas imaginárias (pois é o tipo adequado de fazenda para se criar sacis), a raça Saci Cumulae, vulgarmente conhecido como Saciaçu dos olhos verdes, muito comum em terras mineiras.

Comecei minha criação depois de uma viagem a Lavras Novas. Eu e o Otto viajamos sem as crianças, ficamos em um chalé muito simpático, localizado no meio do mato, com uma vista maravilhosa, coisa bem romântica. Mas eu deveria ter desconfiado da existência de sacis nas redondezas quando vi uma peneira de cruzeta pendurada na parede da entrada do chalé...

Logo no primeiro dia, meu único par de brincos sumiu. Uma das minhas únicas vaidades é sair com brinco. Não saio sem. É o mesmo que estar nua. Então, vocês hão de entender porque eu fiz o Otto revirar o quarto todo atrás dos meus brincos, sem qualquer sucesso. Olhamos em todos os cantos, até dentro do frigobar. Afastamos todos os móveis... nada. Os brincos apareceram, sem qualquer explicação, no último dia de minha estadia em Lavras Novas, ao lado do criado mudo... Lembrando que esse móvel também foi afastado, escarafunchado, devassado... coisa de saci. Sem contar que nessa mesma viagem a luz acabou e ficamos no escuro toda a última noite, aquela que tínhamos reservado para sair para um forró que acontece todos os sábados na cidade. O saci conseguiu boicotar nosso último programa. De qualquer forma, a viagem foi muito boa e despertou meu interesse pela espécie.

Pois bem. Chegamos a esse mês. Ao que parece, uma rês (é assim que chamamos) desgarrada foi parar em meu apartamento. É claro que ninguém viu o saci ainda. É muito difícil de vê-los. Mas os pequenos desastres domésticos vão se sucedendo... Primeiro, a televisão queimou, todas as lâmpadas da casa queimaram e todos os aparelhos que dependiam de pilha pararam de funcionar... coisa de saci, óbvio! Depois, para a tristeza do Otto, pifou o som do carro. Fora a sacanagem de ficar detonando o portão da garagem, que uma noite dessas passou abrindo e fechando sem ninguém acionar o controle.

Hoje, ele fez pifar os dois chuveiros lá de casa, logo pela manhã nos obrigando a tomar banho frio.

Acho que estou precisando vender essas minhas fazendas de criação de sacis. Alguém se interessa?

sexta-feira, março 24, 2006

O que deu nessa gente?


Já tinha ouvido falar mas ontem eu vi o cartaz: o Steve Martin teve a pachorra de achar-se no direito de representar o Inspetor Clouseau em um famigerado remake da Pantera Cor-de-Rosa (O cartaz aí do lado é dos DVDs dos filmes antigos. Me recuso a colocar o do Steve Martin).

Meu coração doeu! O que dá nesse povo de Hollywood para achar que remake da Pantera Cor-de -Rosa é bacana? E para achar que o Steve Martin é bacana? Quem será o Sr. Kato, então? O Jackie Chan? Nem mesmo o Kevin Kline fazendo o papel de Dreyfuss me dá ânimo para assistir esse absurdo.

E já que estamos falando de absurdos, há alguns, bem improváveis, que eu gostaria que acontecessem:

1. Que o George Lucas tivesse outra epifania e resolvesse fazer mais uma trilogia Star Wars. Talvez até com os mesmos atores da primeira. Só que a Lea, agora, não iria ficar tão bem de biquini quanto naquela época. Mas, paciência!

2. Que a Meg Ryan deixasse de achar que tem capacidade para ser atriz dramática e voltasse aos papéis de par romântico do Tom Hanks.

3. Que a Helen Fielding escrevesse mais uns Diários de Bridget Jones e a Renée Zellweger (só o Google mesmo para me ajudar com o nome dessa aí!) topasse engordar novamente os 10 quilos em troca de alguns milhões em sua conta bancária.

4. Que um estúdio comprasse os direitos das Crônicas Arturianas do Bernard Cornwell e fizesse uma trilogia (sempre esse número) só com atores ingleses. Poderia ser o Judy Law como Rei Arthur, o Ralph Fiennes como o Lancelot (que no livro é malvadão), a feiona Helena Bonhan Carter como Morgana e o Keith Richards como Merlim.

5. Que voltasse a passar nos cinemas as comédias românticas da Audrey Hepburn.

6. Por fim:

Que alguém tivesse a disposição e o bom senso de recolher todas as cópias espalhadas pelo mundo dessa insensatez do Steve Martin, antes que toda uma geração ache que ele, e não o Peter Sellers, é o Clouseau!

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Amém!

terça-feira, março 14, 2006

Às vezes, as coisas acontecem em BH

Notícia do site do Chevrolet Hall:


"Março 2006

Orquestra Manguefônica - Nação Zumbi e Mundo Livre S/A juntos no palco
25 de março
Horário:
sábado às 23h
Preço:
R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)Meia entrada válida para menores de 21 anos, maiores de 60 anos e estudantes credenciados. Os benefícios não são cumulativos.Formas de pagamento: Cartões de Crédito, Cartões de Débito e DinheiroPontos de Vendas:Bilheterias do Chevrolet Hall (de segunda à sábado de 12h às 20h, domingo e feriado de 14h às 20h)Ticketmaster: teleingressos -0300 789 6846 e pelo site
www.ticketmaster.com.br
Piso:
3º - Arena
Projeto Tempo Bom apresenta Orquestra ManguefônicaAs bandas Nação Zumbi e Mundo Livre S/A juntas no palco da Temporada de Verão Chevrolet HallJuntar os músicos da Nação Zumbi e do Mundo Livre em uma única banda sempre foi um desejo antigo de Chico Science e seus companheiros do Mangue Beat, um dos movimentos culturais mais importantes do país. Esse sonho dos mangueboys se transformou em realidade na poderosa apresentação da Orquestra Manguefônica, em São Paulo, dentro do projeto “Disco de Ouro”, do Sesc Pompéia, que apresenta o resultado de uma pesquisa feita entre 12 críticos musicais sobre “quais seriam os dez grandes álbuns da música brasileira”. Os seis discos mais votados são apresentados, em arranjos de grandes nomes da atualidade. Quem abriu o projeto foi “Da Lama ao Caos”, primeiro disco de Chico Science & Nação Zumbi.O álbum, de 1994, foi completamente recriado no palco pela Orquestra Manguefônica, uma parceria da própria Nação Zumbi, atualmente liderada por Jorge Du Peixe, depois da morte de Chico Science, com os companheiros do Mundo Livre S/A, liderada por Fred 04. Este encontro rendeu um super show. Aquela tinha sido a primeira vez que as duas bandas se uniram para uma apresentação única no palco.O repertório do show segue a ordem do CD: “Monólogo ao Pé do Ouvido”, “Banditismo por uma questão de classe”, “Rios, Pontes e Overdoses”, “A Cidade / Boa Noite do Velho Faceta”, “A Praieira”, “Samba Mokossa”, “Da Lama ao Caos”, “Maracatu de Tiro Certeiro”, “Salustiano Song”, “Antene-se”, “Risoflora”, “Lixo de Mangue ”, “Computadores Fazem Arte” e “Côco Dub (Afrociberdelia)”.Agora a Manguefônica apresenta esse trabalho aos mineiros, em única apresentação no Chevrolet Hall.Classificação: 16 anosInformações: 3209-8989."



Muito provavelmente eu não vou. Além de ser plantão do Otto, é aniversário da minha mãe. Mas não podia de deixar de convidar meus amigos Sandro, Silvia e Denise para virem a BH. Olha a motivação aí!

Vou ser tia!!!

Minha irmã está esperando um bebê. Estou tão feliz que o mundo tem que saber. Não podia deixar passar essa notícia sem registrá-la aqui. Podem me parabenizar!

sexta-feira, março 10, 2006

A culpa é do Detran

Eu bem que tento: leio bons livros, aboli de vez às novelas e ao Biguibroder, não como mais no McDonalds, tento ser gentil com as pessoas, faço yoga, canto mantra, rezo de vez em quando, respeito os mandamentos, tudo isso para poder evoluir espiritualmente, cumprir meu carma e na próxima vida vir como tataraneta do Bill Gates. Mas é impossível! Dirigir em BH não vai deixar que eu alcance o Nirvana.

Não coloco culpa em nosso obreiro prefeito Pimentel, o melhor prefeito da América Latina(!) , nem em suas inúmeras obras espalhadas pela cidade, mas nas pessoas horríveis a quem o Detran, por um equívoco imenso, concede Carteira de Habilitação.

Não sei como é o trânsito nas outras cidades. Só dirijo aqui. Já me contaram que em São Paulo é pior. O trânsito pode até ser, mas as pessoas são mais civilizadas, creio eu. Aqui a gente se depara em cada esquina com gente mal educada, machistas babacas e o pior tipo de motorista (se é que assim se pode chamar): os motoristas púberes. E eu, que normalmente sou uma pessoa razoavelmente educada, me torno uma bruxa desbocada que envergonharia até a Derci Gonçalves.

Não é que no sábado passado, indo para a casa da minha mãe, entrei naquele engarrafamento eterno da Rua Jacuí, agora agravado pelas obras da linha verde. Dei bobeira e fui cortar a Jacuí por uma daquelas travessas que dão acesso à Nova Floresta. Engarrafamento quilométrico. O trânsito andava, passavam uns dez carros e parava. Essas coisas não me tiram do sério, como já disse. Fui para lá sabendo que haveria engarrafamento. Fui preparada para esperar. E, para minha surpresa, tinha até alguns gentis motoristas que deixavam espaço livre para nós, que pegamos a travessa da Jacuí, entrar para o bairro.

Na hora que eu cheguei na esquininha, depois de uns 20 minutos de espera, eis que vem um desses meninos de colégio que durante a semana só andam de ônibus escolar e pegam o carro da mãe no fim de semana e fecha o cruzamento.

Pedi, por favor (sempre pensando em limpar meu carma nessa existência), para ele dar uma rezinha. Ele tinha espaço para essa manobra, não custava nada e o trânsito na rua dele ia demorar a fluir novamente. E eu pedi com muita educação, juro! Isso só para ouvir um irônico: "só porque você quer, tia!"

Aí, é que meu carma foi arruinado. Falei todos os palavrões que eu conheço na frente dos meus dois filhos. Por que será que depois dos trinta a gente vira tia de qualquer pivete cuja a mãe habita a Guaicurus? Pulei por uns dois minutos no banco do carro, para deleite do pivete. Quando eu vi que o moleque estava era se divertindo às minhas custas, comecei a pensar em me acalmar. Liguei o CD do Elton John - Daniel para me inspirar a fazer maldades, claro! -, fui esfriando a cabeça... e esperei mais 30 minutos até o trânsito abrir e o fiodaputinha seguir seu caminho até a pqp. E todo esse tempo, olhando para a cara da criatura, imaginando 257 formas de matá-la, todas precedidas por uma torturazinha básica.. Até pensei em dar uma esbarradinha na porta do garoto... Depois é que eu me toquei: o moleque fez de mim uma megera rancorosa!

Não fiz nada contra o motorista-criança, é claro. Mas a intenção foi tão forte e meu ódio por ele foi tão intenso que eu acho que na próxima encarnação virei como um chiclete pisado.