segunda-feira, janeiro 26, 2009

As faixas

Lá estão as faixas de pano pintadas na frente de todos os colégios da cidade... Eu morro de inveja, sabe? Eu nunca tive meu nome pintado na frente do colégio, até porque eu estudei em Tucuruí e vim para Belo Horizonte para prestar o vestibular. Então, nunca fui aluna de nenhum desses colégios daqui que encomendam essas faixas tão deliciosas.

De qualquer jeito, minha faixa não seria das mais bacanas. Muito caretinha, na verdade. Juliana AB (na época, eu ainda não era F, apesar de morrer de vontade de ser), Direito, Milton Campos. Mais careta impossível. Faculdade tradicional de filhotes de juristas. Logo eu, que tenho alma porra louca, que deveria ter feito História ou Filosofia na Fafich, fui estudar na faculdade mais careta do planeta. Não me entendam mal. Gostei da faculdade, porque não gostaria? Fica no ponto mais alto da cidade, a vista é fantástica, o ensino é bom, o curso OK...

Mas o mais importante é que lá eu conheci outros como eu. Não era só eu que tinha alma "Jimi e Janis" naquela faculdade "Ivete". Glauce, Nelson e Gracinha. Almas revolucionárias em um meio careta. Não fazíamos nada demais. Apenas gostávamos de música, de teatro, de discutir o sentido da vida, Marx, felicidade, Lupicínio Rodrigues ou qualquer outra coisa que nos parecesse cabeça o suficiente. Meio malas, na verdade. Mas éramos charmosos. Na verdade, nossa malice consistia em sermos também "filhinhos de papai". Pais mais pobres, é verdade, mas que pagavam com muito custo nossas faculdades. Com exceção da Gracinha, minha heroína proletária já naquele tempo, que arcava com o custo de seus estudos. Não tínhamos dinheiro pra nada. No meu caso, o dinheiro do meu pai pagava a escola e mais nada. Dureza total. O resto eu conseguia com um estágio mal remunerado e dando aulas de matemática para minha xarazinha, a Juliana, na época na 4ª série primária (devo dizer, neste momento, que minhas aulas não comprometeram seu aprendizado. Hoje, minha Juju é professora de português, formada pela UFMG, o que me faz sentir muito, mas muito...velha).

Pois bem. Mesmo sem grana, tudo era divertido. Eu e meus amigos duros juntávamos os tostões para tomar pinga no clubinho "junto à fogueirinha de papel" ou dividir uma cerveja e um caldo de feijão no Woods, ou íamos pra casa de um de nós comer comida de mãe que era a coisa mais barata e gostosa do mundo. Ou pra casa da Gracinha cantar. Lá tinha um piano e a família mais musical que eu já conheci na vida.

Mas voltando às faixas. Adoro todas essas faixas. Mas as que me causam a maior de todas as invejas são aquelas com a sigla mágica: "UFOP". Universidade Federal de Ouro Preto. O curso pouco importa. Se fosse pra estudar lá, eu faria História, Farmácia, Engenharia de Minas, ou qualquer coisa desde que fosse lá. Imagina ter 18 anos, morar longe da família em um lugar como Ouro Preto.

Imagina eu, com minha alma hippie, estudando em Ouro Preto, morando numa república, num daqueles casarões antigos, junto dos meus iguais... mas aí eu não ia ser a alma "Like a Rolling Stone" no meio de um mundo "é o bicho é o bicho vou te devorar crocodilo eu sou". E não teria encontrado minhas almas irmãs nesse mundo.

Onde estão eles, meus amigos? Fácil. Glauce eu encontrei essa semana. Linda, igualzinha, mansa, doce, lenta, passional, carinhosa. Parece que o tempo não passa pra ela. O Nelson casou com a Lalá e hoje é meu "cumpadi". Colocamos Otto e Lalá no meio da nossa amizade, nossos filhos são amigos e estamos sempre juntos. Meu irmão mais que todos os outros. A Gracinha, minha heroína, está em London, London. Nos falamos sempre. Ou vocês acham que eu ia deixar para lá grandes amores como esses?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

A primeira do ano

Acabou 2008. Tá lá, ó... marcadinho no calendário da minha vida, junto com 1973 (quando eu nasci), 1980 (entrei pra escola), 1984 (Tucuruí), 1990 (quando eu saí de Tucuruí), 1996 (quando eu casei com meu amor), 1998 (quando eu me tornei mãe) e 2003 (quando eu me tornei mãe de dois). 2008 entra como o ano que meu pai foi embora.

Saio de 2008 com um excedente de 20 quilos, a primeira pressão alta (altinha, pero no mucho), 35 anos, mesmo emprego, mesmos problemas, sem meu pai... mas eu cheguei até aqui e isso é alguma coisa, né não? E até que me saí bem...

Tem também a turma que ficou e que foi muito importante para eu atravessar esse ano: minha família e meus amigos.

Na passagem para 2009, não pulei as 7 ondinhas porque não estava na praia, mas fiz todas as outras mandinguinhas que eu deixei de fazer em 2008. Yo no creo em brujas... Não fiz as mandingas na passagem de 2008 e deu no que deu. Então, rolou calcinha branca, lentilha, folhas de louro e algumas metas pessoais bem difíceis, mas não inatingíveis. Esse ano vou testar minha determinação em várias áreas da minha vida. Algumas metas são a longo e longuíssimo prazo. Determinação, disciplina, paciência e trabalho, muito trabalho. Isso eu exigo de mim. O resto é o que eu desejo: paz, felicidade, amor, trabalho, generosidade, prazer, pensamentos novos, atitudes novas e saúde, muita saúde!

E isso é pra mim e pra vocês também!

É isso. 2009 chegou e o bicho vai pegar!