terça-feira, abril 26, 2011

Tsc, tsc, tsc... relapsa! Blog abandonado pela ingrata de sua dona. E agora que ela precisa, lá está ele de braços e páginas abertas para recebê-la...

Muito provavelmente, como os momentos de necessidade serão muitos daqui pra frente, apelarei muitíssimo pra essa página em branco que sempre me recebeu tão carinhosamente em vários momentos nesses últimos anos.

Senti saudade, blog! Tentarei ser menos descuidada com você. Não prometo, porque você sabe como eu sou... Aliás, você sabe muito bem como eu sou.

Ah! Falando em saudade... se eu fosse escolher o sentimento dessa minha existência, esse sentimento certamente seria saudade. Mais bacana seria falar amor, não é? Mas não existe saudade sem amor. Ou a gente sente saudade do que não gosta?

Foi a saudade, essa velha conhecida, que me trouxe aqui, no meio da madrugada. A saudade que hoje me tirou da cama, me levou pra sala, me fez chorar por horas e agora me trouxe para o computador para falar sobre ela. Saudade essa que eu ainda nem estou sentindo. Mas sentirei, ah, como sentirei! Muito brevemente.

Para vocês me entenderem, tenho que contar há quanto tempo eu e saudade andamos juntas. Somos tão íntimas que senti-la não me assusta mais.

Minha primeira saudade veio junto com minha primeira mudança. Saí de Santo Anastácio, lugar onde eu tinha passado toda minha vida, de então 11 anos apenas, ficando pra trás um tiquinho da minha família e amigos de toda vida. Mas a saudade enorme, a que doeu mais, foi da Rê, minha melhor amiga de infância. Foi o primeiro pedaço de coração que eu deixei pra trás.

Aos 14 eu descobri o que era saudade de amor. Primeiro namorado, primeira separação e primeiro namoro a distância (não o último, rá! Porque comigo é assim!). Aquele aeroportozinho de Tucuruí... Doloroso e intenso como todo amor de adolescente deve ser. Cruel como toda saudade de namorado é. Conta telefônica interminável. Pai irado com a conta telefônica. Foi lindo e terrível. Prometi pra mim mesma que não passaria mais por isso.

Mas aí, vem esse nego e mexe com todas as minhas convicções. Segundo namoro a distância. Porque eu não aprendo. Porque eu pago língua. No início, era uma saudade gostosinha, já que era um namoro de fim de semana. Aquela saudade era só pra dar o temperinho certo ao final de semana que, normalmente, era de tirar o fôlego... até que veio a separação enorme! Ele no Pará e eu em Minas, dois duros anos. Comunicação difícil (vivíamos em uma época sem internet), distância impraticável. Foi a primeira saudade desesperada que eu senti.

Anos de namoro a distância. Aí ele já estava lá em São Paulo. Muito ônibus da Impala (a Cometa tinha baratas!), muitas despedidas em rodoviárias, muito choro, cartas, cartas, telefonemas, reencontros, despedidas... A Bresser era para mim a porta do paraíso e do inferno ao mesmo tempo. Dramático, romântico, intenso, como o maior amor da vida deve ser.

E aí ele veio pra perto de mim e eu decidi que, agora sim, nunca mais sentiria saudade.

E a vida, pra dar aquela liçãozinha me fez descobrir, há três anos a saudade irremediável. Que não tem telefone, e-mail, avião ou ônibus que dê jeito. Aquela que vem súbita e inexplicável é avassaladora. A morte do meu pai me fez descobrir isso. E me fez descobrir mais: a gente não decide quando a vida da gente vai virar. E a gente não renega a saudade nunca. Porque a saudade é companheira.

Pois bem. A vida de novo me prepara para a saudade. Saudade dos meus filhotes, do meu nego (mas a gente sabe viver com saudade e transformar isso em romance), da minha mãe, dos meus sobrinhos, dos meus irmãos. Dos amigos que eu vou deixar em BH.

E de uma vida linda, vivida em um lugar muito especial que será para mim sempre o lugar onde enterrei meu umbigo.