quarta-feira, agosto 08, 2007

Na Mooca









Apesar do clima estranho que rolava em São Paulo, uma certa tristeza do pessoal pelos últimos acontecimentos, da friaca que até agora eu não consegui tirar do meu osso, da gripe monstruosa que o André pegou e da greve de metrô que me fez ficar presa na Radial Leste na quinta-feira, visitar a Mooca é sempre inspirador. Pra vocês terem idéia, eu volto para Minas completamente italianada.

Eu já expressei aqui todo meu amor pela cidade de São Paulo, pela Avenida Paulista, pelo Centro da cidade, pelo metrô, pelo Rei do Mate, alguma coisa acontece no meu coração e essas coisas que todo mundo sabe a meu respeito.

Mas hoje, especificamente, minha declaração de amor vai para o único bairro do mundo que tem bandeira e hino: a Mooca. Porque a Mooca não é simplesmente um bairro em uma cidade grande. A Mooca é um estado de espírito, um way of life. O morador da Mooca não é paulistano. Aliás, é. Mas antes disso, ele é da Mooca.

E como o frio não permitiu que eu saísse para muito longe, aproveitei essa minha última ida a São Paulo para curtir a Mooca.

Uma das coisas que eu amo é o sotaque do Moquense (ou moqueiro, como minha cunhada do Tucuruvi chama o vivente da Mooca) é muito mais gostoso que a fala do resto de São Paulo. Não é aquela coisa pomposa meio Shopping Ibirapuera. Nem é uma coisa malaca de periferia. O moquense, como bom descendente de italiano, fala com o corpo todo, usa palavras antigas e gírias na mesma frase, fala pelos cotovelos (talvez isso já esteja até englobado no falar com o corpo todo), capricham nos erres e nos finais de sílaba com n . Por exemplo: lá não se fala pimenta. Fala-se pimeinnnnta, assim mesmo, com esse i no meio e um monte de enes depois.

Outra coisa que eu adoro na Mooca: todo mundo torce pro Juventus. Não importa se o cara é corinthiano, palmeirense ou sãopaulino. Se é da Mooca, é Juva de coração. Tanto é assim, que meu cunhado reconheceu um Moquense em um show pela camisa do Juventus. Nunca tinha visto o cara, mas se abraçaram como se fossem parentes que não se viam há muitos anos.

Feira livre é outra coisa típica da Mooca. Eu sei que aí na sua rua também tem feira livre, mas não é a feira livre da Fernando Falcão, ou da Jumana, ou da Guaimbé. Porque na feira livre da Mooca, os feirantes tem o maior prazer em alimentar as pessoas, independente se essas vão comprar ou não. O negócio é enfiar um pedaço de manga, mexirica ou carambola guela abaixo do sujeito só para receber o elogio de que a fruta está gostosa, está docinha. E lá não importa se você tem 18 ou 81 anos. O feirante vai te chamar de "linda" e de "menina". Se isso não é delicioso, eu não sei mais o que é.

Outra coisa que eu adoro na Mooca é a D. Noêmia, uma manicure japinha com sotaque italiano (isso só lá na Mooca mesmo pra ter). Se eu quiser me inteirar das histórias ocorridas nos últimos 6 meses, é só ir lá.

Ah, e a Cida, a síndica do prédio? Uma piada pronta. Se você pensar naquelas síndicas de filmes, com rolinho na cabeça, ranhetice estampada na cara e um marido bundão, pode saber que você pensa na Cida. Ela implicava com meu marido quando ele era criança e agora implica com o meu filho. Quer tradição maior que essa? E como vaso ruim não quebra, acho que ela viverá (e será síndica) para implicar com meus netos.

E é lá na Mooca que eu, órfã de avós sanguíneos, tenho uma nona italiana. Daquelas nonas que fazem macarronada aos domingos, enchem nossa boca de comida maravilhosa e nossos ouvidos de histórias lindas e ensinamentos sábios. Essa, assim como a Mooca toda, eu ganhei do meu marido moquense.

Vou aproveitar esses momentos de boas lembranças, em que eu ainda tenho um gostinho de Mooca na boca e continuo falando "pimeinta", antes do meu sotaque mineiro voltar. Fim do ano eu volto lá. Tá ligado?

O hino da Mooca
Letra: José das Neves Eustáquio

Sou da Mooca, sou moquense.
Amo esta região,
Meu bairro muito querido
Estás no meu coração.
Mooca, bairro tradição
Da Zona Leste és portal
Símbolo de uma região,
No trabalho és triunfal.
Teu dinamismo de agora
São heranças bem distantes.
Foste trilha outrora
De valentes bandeirantes.
Tens esportes, tens cultura,
Universidade até.
Os teus templos abrigam
Um povo com muita fé.
Desde o Parque D. Pedro
Tudo em ti é sucesso
Tuas ruas e avenidas
Representam o teu progresso.
Sou da Mooca, sou moquense,
Amo esta região
Meu bairro muito querido
Estás no meu coração.
É bonito o teu brasão
Bela é a tua bandeira
Nas festas de nosso povo
Tremula sempre altaneira.
Teu poema é história
Deste bairro hospitaleiro
Nascido à margem de um rio
Deste solo brasileiro.
Mooca em tupi quer dizer
Nossa casa, nosso abrigo,
No trabalho e no lazer
O moquense é muito amigo.
És valente, meu torrão.
Toca, meu bairro, toca
O canto com emoção.
Mooca, Mooca, Mooca

8 comentários:

Daniel Ottoni disse...

putzzzz...

agora fiquei morrendo de vontade de conhecer a mooca...

qdo for em sampa, vou dar um pulo lá e lembrar de vc !

bjo!!

Unknown disse...

Ai que saudade das feiras livre e da simpatia do povo de São Paulo. Tanta coisa que falta por aqui, é lamentável. Gostei demais do seu texto, parabéns.Beijos.

Denise disse...

Acho que preciso conhecer a Mooca!

Anônimo disse...

Oh da MOOOOCAAAA
esqueceu da esfiha Juventos
Churros da madruga que só na Mooca tem e ainda a rua dos trilhos....
adora a Mooca orra meu !!!!!!

Anônimo disse...

Me ensina a conquistar um moquense, urgente!!!

Ricardo Celestino disse...

Juliana, vc é uma pessoa querida... vc é da mooca por espírito!! hauhauha...

mtooo beiin...

Ricardão disse...

Eu ja conquistei minha Mooquense. Hoje eu sou da Mooca meu!!!

Ricardo disse...

Demais!