sexta-feira, novembro 24, 2006

Vira o disco

Não sei porque essas coisas acontecem, menos ainda porque acontecem COMIGO, mas por três vezes, essa semana, quando eu me apresentei alguém cantou:

"A Juliana não quer sambar, samba, Juliana, samba, Juliana".

Se você não conhece essa pérola do cancioneiro (e por esse motivo, eu te admiro muitíssimo), isso é um híbrido de axé com pagode (iééééca!), cantada (?) por meia dúzia de retardados que se auto-intitulam conjunto musical e que alguma aberração bunduda fica chacoalhando quando toca.

Sempre respondo com um sorriso amarelo e tento ignorar o mal estar que associar meu nome com essa música me dá.

Minha irritação maior é porque essa bosta de música me atormentou alguns anos atrás. Tinha uma rádio que falava para as julianas ligarem e concorrerem a prêmios. Sempre tinha alguém que ouvia essa porcaria de rádio e falava para eu ligar. Os prêmios eram, muito provavelmente, tão infames quanto essa porcaria de música.

Da última vez que cantaram isso para mim, fechei a cara e falei, com todas as letras, que eu não gostava daquela música.

Mas minha vontade era dizer: "Se é para ser uma Juliana de música, que eu seja, então, a Juliana vagabunda e deliciosa que estava na roda com João com uma rosa e um sorvete na mão. E fez o José perder a cabeça de tanto ciúme e assassinar o João com uma facada." Dramático. Meio nelsonrodriguiano. Definitivamente, muito mais charmoso.

Muito melhor que ser um arremedo de Carla Peres com uma bunda gigante e ficar "samba, Juliana, samba, Juliana" para ver se o cérebro pega no tranco.

Tudo bem. Posso ser também a Juliana da música do Wander Wildner que a Silvia mandou para mim...

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional esse post! Vou atrás dessa música do Wander, e quando eu comecei a ler, já pensei na Juliana meu sonho uma ilusão, e apesar de odiar hoje em dia o ministro, sigo achando que Domingo No Parque é uma aula de como construir uma narração.

Juliana A.B.F. disse...

Obrigada pelo elogio, Randall. Eu também acho essa música linda. No início do mês eu tinha escrito um post por ocasião da morte Rogério Duprat, falando sobre o disco Tropicália, que foi o responsável por eu gostar de música brasileira, mas ficou meio down e não entrou no blog.