segunda-feira, fevereiro 06, 2006

O primeiro dia do resto da minha vida

O meu Rafa entrou para a 1ª série do ensino fundamental. Eu sei que para ele a 1ª série é importante, mas, na verdade, não tem aquele gostinho de novidade. Ele continua na mesma escola e com os mesmos colegas. E o principal evento da primeira série de antigamente, aprender ler, ele não terá, pois já veio alfabetizado da educação infantil (pré-escola de antigamente)

Mas não pude deixar de ficar empolgada. Porque eu ainda me recordo bem do meu primeiro dia de aula na 1ª série A da Escola Estadual de Primeiro Grau Enrico Bertoni, em 1980. Eu tinha a exata noção, mesmo aos seis anos de idade, que dali por diante minha vida não mais seria a mesma.

Para mim, tudo foi novidade. Eu vinha de outra escola. Aquela era escola de "gente grande", e não um lugar para "criancinhas", como era o caso da Escolinha Castelinho, onde eu tinha estudado até o ano anterior.

Nós, os novatos, ficávamos no pátio - que era enorme - esperando nossos nomes serem anunciados no auto-falante, informando a sala que iríamos estudar. Aí, fingindo a maior naturalidade do mundo, nos dirigíamos pela primeira vez a nossa "primeira-sala-de-aula-de-escola-de-verdade", como se fizéssemos isso todos os dias.

Eu, particularmente, já estava nervosa desde o dia anterior. Não tinha nem dormido. Meu coração quase saia pela boca e, quando chamaram meu nome, tive medo de não conseguir andar até a sala.

Mais de uma coisa aconteceu aquele dia: além do meu primeiro dia de aula, amei pela primeira vez e tive também minha primeira desilusão amorosa.

Estava eu lá no pátio esperando a chamada, quando ouvi o Ivandro Maciel Jr., um garoto loirinho, cabelinho estilo pajem, clone do Roberto Leal, enfim, o menino mais lindo do mundo, dizer para o Renato Righetti: "olha, aquela é a menina mais bonita da escola. Será minha namorada". Olhei para trás e eles olhavam em minha direção. E continuaram falando de mim (achei eu), a garota mais bonita da escola. Me apaixonei pelo garoto naquele instante.

Chegando na sala de aula, o menino já estava lá. Mas nem olhou na minha direção. Logo depois de mim, chegou a Karin Samorano. O menino foi até a mesa dela e disse que ia ser o namorado dela daí por diante. Isso bem ao meu lado. Ela, sim, era a garota mais linda da escola. Loirinha, olhos azuis, roupinha de laço rosa. Um pesadelo!

Até tentei esquecer a sensação maravilhosa daqueles cinco minutos em que eu fui a garota mais bonita da escola em minhas ilusões infantis. Mas aí era tarde... já estava apaixonada! E de coração partido.

9 comentários:

Anônimo disse...

primeiro dia de aula:lição de casa
segundo dia da aule: castigo
terceiro dia de aula: bilhetinho pra mãe...eu aprendi muito palavrão na primeira série!

Anônimo disse...

Ah, faltou a redação "Minhas Férias"!

Início e fim de ano letivo é muito legal. Mas o durante é que o osso dói...

Anônimo disse...

Aproveitando o gancho do Raphael, sou tão megalomaníaco que transformei uma redação "Minhas Férias" em livro...

Cara, eu era meio Roberto Leal, cabelo loirinho em tigela e tals, mas não me recordo sequer de ter passado perto dessa coisa de menino mais bonito da sala... vc me lembrou ao meu primeiro dia de aula na primeira série.

Anônimo disse...

Ju queria a sua memori !!!
Lembra de nomes !!!!
Caraca !!!

Anônimo disse...

Me fez lembra de uma história muito legal. Uma tarde no Grão Pará, estava em um banco no pátio esperando meu horário de educação física, na minha frente uma rodinha de meninas que não me viram fazendo confidências. Perguntaram pra uma loirinha linda de quem ela gostava, ela disse Sandro, a outra perguntou se era do Sandro Anselmo, ela negou e disse Sandro Marcelo, eu. Sua amiga boazinha apontou para mim e a deixou morta de vergonha. Ela tinha uma irmã gêmea mais linda ainda, só que morena, minha preferência. As duas de olhos verdes, moravam na Rua Guiana na Vila Marabá.

Anônimo disse...

Outra de escolinha.

Em São Simão eu entrava no quintal de uma casa para roubar rosas para minha paixão, não posso falar o nome dela pois era casada na época.

Era minha professorinha do pré ...

Unknown disse...

Gostei da sua história, que moleque babaquinha, que dó, tão pequeno!

Anônimo disse...

Fiz da 1ª a 4ª série no CEM (Centro de Ensino Moderno) em Porto Velho. O uniforme era uma sainha vermelha cheia de pregas, blusinha branca com gola vermelha, sapatinho preto e meia branca. A professora era tia Geiza, que carinhosamente me chamava de bonequinha.
Todas as meninas da sala eram apaixonadas por um menino chamado Diogo, branquinho com cabelos e olhos bem pretos, mas só eu ganhei uma cartinha dele com nossos nomes dentro de um coração. Estudei com o Diogo da 1ª até a 5ª série.

Unknown disse...

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19638.shtml