sexta-feira, março 10, 2006

A culpa é do Detran

Eu bem que tento: leio bons livros, aboli de vez às novelas e ao Biguibroder, não como mais no McDonalds, tento ser gentil com as pessoas, faço yoga, canto mantra, rezo de vez em quando, respeito os mandamentos, tudo isso para poder evoluir espiritualmente, cumprir meu carma e na próxima vida vir como tataraneta do Bill Gates. Mas é impossível! Dirigir em BH não vai deixar que eu alcance o Nirvana.

Não coloco culpa em nosso obreiro prefeito Pimentel, o melhor prefeito da América Latina(!) , nem em suas inúmeras obras espalhadas pela cidade, mas nas pessoas horríveis a quem o Detran, por um equívoco imenso, concede Carteira de Habilitação.

Não sei como é o trânsito nas outras cidades. Só dirijo aqui. Já me contaram que em São Paulo é pior. O trânsito pode até ser, mas as pessoas são mais civilizadas, creio eu. Aqui a gente se depara em cada esquina com gente mal educada, machistas babacas e o pior tipo de motorista (se é que assim se pode chamar): os motoristas púberes. E eu, que normalmente sou uma pessoa razoavelmente educada, me torno uma bruxa desbocada que envergonharia até a Derci Gonçalves.

Não é que no sábado passado, indo para a casa da minha mãe, entrei naquele engarrafamento eterno da Rua Jacuí, agora agravado pelas obras da linha verde. Dei bobeira e fui cortar a Jacuí por uma daquelas travessas que dão acesso à Nova Floresta. Engarrafamento quilométrico. O trânsito andava, passavam uns dez carros e parava. Essas coisas não me tiram do sério, como já disse. Fui para lá sabendo que haveria engarrafamento. Fui preparada para esperar. E, para minha surpresa, tinha até alguns gentis motoristas que deixavam espaço livre para nós, que pegamos a travessa da Jacuí, entrar para o bairro.

Na hora que eu cheguei na esquininha, depois de uns 20 minutos de espera, eis que vem um desses meninos de colégio que durante a semana só andam de ônibus escolar e pegam o carro da mãe no fim de semana e fecha o cruzamento.

Pedi, por favor (sempre pensando em limpar meu carma nessa existência), para ele dar uma rezinha. Ele tinha espaço para essa manobra, não custava nada e o trânsito na rua dele ia demorar a fluir novamente. E eu pedi com muita educação, juro! Isso só para ouvir um irônico: "só porque você quer, tia!"

Aí, é que meu carma foi arruinado. Falei todos os palavrões que eu conheço na frente dos meus dois filhos. Por que será que depois dos trinta a gente vira tia de qualquer pivete cuja a mãe habita a Guaicurus? Pulei por uns dois minutos no banco do carro, para deleite do pivete. Quando eu vi que o moleque estava era se divertindo às minhas custas, comecei a pensar em me acalmar. Liguei o CD do Elton John - Daniel para me inspirar a fazer maldades, claro! -, fui esfriando a cabeça... e esperei mais 30 minutos até o trânsito abrir e o fiodaputinha seguir seu caminho até a pqp. E todo esse tempo, olhando para a cara da criatura, imaginando 257 formas de matá-la, todas precedidas por uma torturazinha básica.. Até pensei em dar uma esbarradinha na porta do garoto... Depois é que eu me toquei: o moleque fez de mim uma megera rancorosa!

Não fiz nada contra o motorista-criança, é claro. Mas a intenção foi tão forte e meu ódio por ele foi tão intenso que eu acho que na próxima encarnação virei como um chiclete pisado.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esses moleques que vão buscar a mãe na zona com o carro do corno da pai deles sempre atrapalham o trânsito, é impressionante!!

Anônimo disse...

eu me irrito muito no transito.....me transformo em outra pessoa má muito má !!!

Anônimo disse...

Lembra daquele desenho animado onde o Pateta quando pedestre era o senhor andante; e quando motorista se transformava no senhor volante???
Ando sofrendo deste mal também!

Anônimo disse...

Eu queria ter um opalão vinho...

Unknown disse...

um chiclete atropelado ou um boyzinho babaquinha....