quinta-feira, maio 15, 2008

Às compras

No Mercado Central:


- Por favor, me veja aí 50 gramas de Curry? (pronunciei assim mesmo com cu, porque eu nunca soube se a pronúncia disso é inglesa ou francesa ou qualquer outra bosta dessas)

- O que?

- Curry!

- Mas o que é isso?

- É aquele tempero laranja que parece um açafrão picante.

- Aaaaaaaah, bom! Caunrrrrrry! (enrolando a língua duzentas vezes para pronunciar o "r"

Eu, que nem sabia que a pronúncia era inglesa, humilhada com o inglês do vendedor, respondi:

- (humilhada) É isso, Caunrrrrrrry!

Recebo o saquinho. E o que vem escrito no saquinho com caneta bic azul? CÃNRRY!!

- Ahhhhhhh! Cãnrry!!!!!!!!!!!

*********************************************************

No Camelô em São Paulo - Isso é que é medo da RAPA

Depois de muito andar atrás de uma camiseta do Corinthians para o meu filho maloqueiro e sofredor, em todas as lojas da Praça da Sé até a 25 de março, apenas para descobrir que apesar da péssima fase, a camisa alvinegra é superfaturada, e me recusando a pagar R$ 110,00 em uma camisa de criança, eu me decidi, meio envergonhadamente, apelar para a bucaneiragem.

- Tem camisa infantil do Corinthians aí?

- (camelô meio assustado, disfarçando) Claro que não!!! Aqui a gente só vende artigo original, a gente não vende camisa falsificada!

- Ok, obrigada!

- (camelô antes meio assustado, agora meio sorrateiro, falando baixinho e ao lado da barraca, meio mocado) Moça, moça! Psit! Volta aqui!

- Oi.

- (ainda sussurando) A camiseta que a senhora quer é deste tamanho mais ou menos? - afasta as mãos uns 70 centímetros uma da outra indicando o tamanho.

- É. Pra 9 anos.

- Então a senhora volta aqui às 11:32, dá três voltas na barraca e diga a senha "passarinho quer cantar". Um agente meu entregará a camiseta para a senhora em uma sacola plástica verde, sem marcas. São 15 reais em notas não marcadas.

(é claro que o Rafa ficou sem a camisa)

***************************************************************

No Shopping dos Orixás

Isso tudo porque meu marido, culto que é, resolveu saber a história de cada um dos orixás.

E lá vamos nós para o Shopping dos Orixás, na Rua Goitacazes, comprar fascículos da Revista dos Orixás, a publicação mais conceituada do ramo. Ele vestido de branco, é claro. Nem preciso dizer que foi recebido com honras de pai-de-santo.

Otto: Por favor, quais os números da Revista dos Orixás a senhora tem aí?

Vendedora: Ah, tem tudo! Tem Oxumaré, tem Ogum, tem Iansã, tem Oxum, tem Xangô, Pombagira, Tranca-rua, Seu Zé Pelintra...

Otto (separando, calmamente, as revistas por muuuuuitos minutos): quero essa! Quero essa também! Essa também.

Eu: Nego, vamos embora. Estamos atrasados.

vendedora, me dirigindo um olhar penetrante:... no tempo dele!

Eu: desculpe!

Otto: Pronto! Vou levar essas 5: Ogum, Iansã, Oxum, Xangô e Oxóssi.

vendedora, dirigindo um olhar maléfico pro Otto: Não vai levar Seu Zé?

Otto: é claro!

segunda-feira, maio 05, 2008

Conflito de gerações

"Peguei um balaio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar"

Ia eu ouvindo e batucando no volante do carro. Adoro Chico Science. Chico Science me fez muito bem. A batida retumba na minha cabeça e afasta os pensamentos tristes. Me sinto revolucionária, me sinto ousada, me sinto livre, me sinto jovem, me sin...

- Ué, Rafa, que cara de tédio é essa, filho? Não gostou da música?

- Ah, mãe. Não gostei muito não. É música de velho, né?